Pular para o conteúdo principal

Vi (1/2): La mala educación

Vou parecer metida, mas deixarei aqui o título original espanhol mesmo porque sempre foi assim que conheci o filme e acho o brasileiro Má educação feinho.

Mas, vamos ao filme, que ontem eu vi dois legais!

Bom, La mala educación (Espanha, 2004) é um filme do Pedro Almodóvar. Eu acredito que, diante das obras do diretor e roteirista é impossível alguém indireferente. Eu gosto dele, mas ainda tenho alguma dificuldade com esse bem-querer, porque não é fácil digerir o que ele filme.

Olhem como é La mala educación: um ator - Gael García Bernal - procura um cineasta - Fele Martínez - que passa por um bloqueio criativo. Ele diz que é um antigo colega de escola - de padres - dele e lhe apresenta um roteiro que escreveu e que se chama A visita. Ele diz que a parte da infância da personagem principal é a história dos dois no colégio e depois, segue a história de Ignácio, que se torna a travesti Zahara, quando adulto. Enrique, o cineasta, decide fazer o filme, depois de visitar a mãe de Ignácio, o amigo que escreveu o roteiro.

Mas... as coisas não são quase nada que parecem ser. E e aí que o filme se torna muito interessante!

Primeiro, não tem como ter algum resquício homofóbico e ver o filme. Se você se chocou/ofendeu/teve nojinho do que viu em O segredo de Brokeback Mountain, fuja deste filme aqui! Tem acusações de pedofilia por parte de padres, cenas insinuando sexo homossexual, beijo na boca, bumbum de fora... Bom, nada que talvez você não tenha visto se já viu outras coisas "almodovarianas".

Mas é um filme bem legal, porque é diferente, porque é a cara do diretor, porque tem atuações óóóótemas, principalmente do Bernal, mexicano, fazendo biquinho pra falar com sotaque espanhol, muito fofo. E corajosérrimo, porque não é um atorzinho desconhecido e, mesmo assim, se arrisca em um papel que considero hardcore.

Recomendo, pros menos preconceituosos e mais corajosos.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Poema XX - Pablo Neruda

Pablo Neruda é, acredito, o poeta hispano-americano mais conhecido no Brasil, seja por sua poesia, seja pelo filme O carteiro e o poeta . Seu livro mais conhecido, Veinte poemas de amor y una canción desesperada, foi publicado quando ele tinha só 20 anos e hoje lemos o último poema de amor, o XX, na aula de Literatura Hispano-Americana. Éramos poucos na sala e terminamos a leitura comovidos. A Vikki disse que se houvesse mais dois versos ela teria chorado e não foi exagero. Quem nunca perdeu um amor? Quem não sabe como isso realmente dói? "Puedo escribir los versos más tristes esta noche. Escribir, por ejemplo: 'La noche está estrellada, y tiritan, azules, los astros, a lo lejos.' El viento de la noche gira en el cielo y canta. Puedo escribir los versos más tristes esta noche. Yo la quise, y a veces ella también me quiso. En las noches como ésta la tuve entre mis brazos. La besé tantas veces bajo el cielo infinito. Ella me quiso, a veces yo también la quería. Cómo no habe

Séries: Reunion

Você se sentiria empolgado pra ver uma série previamente sabendo que ela foi cancelada e não teve um final? Então, eu faço dessas. Ou melhor, fiz pela primeira vez, e com Reunion. E, no geral, valeu a pena. A série foi transmitida originalmente nos EUA entre 2005 e 2006. Foram filmados 13 episódios mas só 9 passaram por lá, sendo que os outros 4 foram transmitidos nos países que, posteriormente, compraram a série. A história começa em 1986, com a formatura do ensino médio de seis amigos inseparáveis. Ao mesmo tempo, é mostrado que, em 2005, um dos amigos foi assassinado - quem? Só saberemos no capítulo 5, de forma surpreendente - e os outros cinco amigos são suspeitos. Cada episódio tem como título um ano - foram de 1986 a 1998 - e vamos vendo como anda a amizade dos seis, algumas vezes se tornando mais forte, em outras parecendo regredir. Eu achei muito bacana não ser revelado de cara quem morreu. Vamos vendo, em cada episódio, um dos amigos vivos aparecer nos temp

A noite em que os hotéis estavam cheios - Moacyr Scliar

(3ª postagem do dia) O casal chegou à cidade tarde da noite. Estavam cansados da viagem; ela, grávida, não se sentia bem. Foram procurar um lugar onde passar a noite. Hotel, hospedaria, qualquer coisa serviria, desde que não fosse muito caro. Não seria fácil, como eles logo descobriram. No primeiro hotel o gerente, homem de maus modos, foi logo dizendo que não havia lugar. No segundo, o encarregado da portaria olhou com desconfiança o casal e resolveu pedir documentos. O homem disse que não tinha, na pressa da viagem esquecera os documentos. — E como pretende o senhor conseguir um lugar num hotel, se não tem documentos? — disse o encarregado. — Eu nem sei se o senhor vai pagar a conta ou não! O viajante não disse nada. Tomou a esposa pelo braço e seguiu adiante. No terceiro hotel também não havia vaga. No quarto — que era mais uma modesta hospedaria — havia, mas o dono desconfiou do casal e resolveu dizer que o estabelecimento estava lotado. Contudo, para não ficar mal, resolveu dar um