O título do post é o de uma brincadeira que tava rolando anteontem no Twitter sobre contar algo que lhe aconteceu aos 10 anos. A mais marcante pra mim foi a minha queda do telhado do galinheiro da casa da Carla, uma das minhas amigas mais antigas.
Acho que o que mais espanta todo mundo que me conhecia na época é que eu sempre fui a "filha tranquila": boa aluna, quietinha, comportada... Mas, enquanto minha irmã levou ponto por conta de uma pedrada do menino atentado da rua, um irmão por cair de queixo no chão e o outro por machucar um braço com vidro, eu me estrupeei mais do que os 3 juntos!
Não esqueço o dia porque meu pai tava em casa por ser "Dia do funcionário público", o que ele nem era, mas tinha ganho folga, enquanto eu tinha tido aula - o que eu achava imensamente injusto, claro! 28 de outubro de 1985. Depois do almoço, fui brincar na casa da Carla e, como já tinha feito várias vezes, subi na árvore ao lado do galinheiro nos fundos da casa dela e me sentei no telhado.
A diferença desse dia é que um colega de escola nosso tinha quebrado as telhas uns dias antes e o tio Arlindo, pai da Carla, só as tinha amontoado meio de qualquer jeito, mas não trocado por novas. De repente ouvi um "crec" e, a próxima coisa que me lembro é d'eu caída, de barriga pra baixo, com o rosto molhado em cima de uma vasilha de cimento onde tinha água pras galinhas.
Do lado de fora, a irmãzinha da Carla, que na época tinha uns 3 anos, chorava gritando me olhando. Tentei passar a mão no rosto mas meu braço doía horrores, quando passei finalmente, vi que tava toda molhada de sangue.
Vocês já viram Carrie, a estranha? Gente, eu tinha visto pouco antes do acidente e me sentia a própria no baile de formatura coberta de sangue! Tinha sangue até nas pernas!
Desesperada, tentei quebrar a portinha do galinheiro e, como não conseguia - e uma gritaria minha e da Chiara, a irmãzinha, maior histeria - subi pela tela do galinheiro e, quando cheguei em casa, onde a Carla entrou gritando chamando meus pais, foi mais gritaria ainda. Minha mãe me colocou no banheiro e, chorando, eu só pedia pra não deixar me darem pontos. Aí, no chuveiro, minha irmã viu que eu tinha, além do corte um pouco abaixo da sobrancelha direita, dois cortes abertos embaixo do joelho esquerdo, de onde vinha o sangue das pernas.
Bom, acabei levando pontos, 20 no total: 7 no supercílio, 7 em um dos cortes da perna e 6 no outro. E posso dizer que não senti praticamente nada. Achava que o enfermeiro, meu vizinho, ainda limpava alguns pêlos da sobrancelha quando ele já terminava de me costurar. No dia seguinte voltei ao hospital e engessei o braço direito, que luxei perto do pulso.
No colégio, claro que os engraçadinhos logo se manifestaram e fizeram música pra mim, mais ou menos assim - um dueto:
"Sheila, como é que vai esse braço quebrado, e esse seu olho inchado?"
"Marcelo, eu fui roubar galinha, na casa da minha vizinha..."
Podem rir, hoje eu também rio - na época, até meus pais riam, menos eu!
Pensando enquanto escrevo este post eu fico pensando em como meu anjo da guarda trabalhou aquele dia. O galinheiro tinha mais de 2m de altura e, além da queda de rosto pro chão, eu ainda escalei a tela com o pulso machucado. E "só" tive 3 cortes e um braço luxado.
Fiquei bem. Hoje as cicatrizes mal aparecem. E o braço nunca me incomodou. Aliás, ficou bom tão rápido que, na mesma semana que o engessei, briguei com a Carla e dei umas braçadas nela com ele. Mas isso já é outra história...
Foto: Blog Gaveta Íntima
Vinte pontos e cicatrizes... Momento mais "marcante" do que esse não pode haver... ;)
ResponderExcluirEspero que "marcante" desde jeito não haja mais nenhum.
ResponderExcluirBeijocas, saudades.