Nunca entendi o propósito de religiosos que escolhem uma vida enclausurada, de orações e parcas ações. Ao mesmo tempo, sempre admirei demais missionários, que saem de suas casas, seus países, para ajudar outros povos, principalmente quando essa ajuda não implica na imposição de uma conversão religiosa.
Por isso Homens e deuses - Des hommes et des dieux, no original - filme de 2010, já começou ganhando meu carinho, ao narrar a história real de oito monges trapistas franceses que vivem em um mosteiro do século XIX no sopé da Cordilheira do Atlas, na Argélia.
Sem qualquer intenção de converter a população local muçulmana, eles convivem pacificamente com os moradores do pequeno vilarejo, contando com o único médico da região, produzindo mel que vendem na feira, sendo respeitados e considerados pelos líderes argelinos locais. A convivência é tão tranquila que, mesmo para rituais muçulmanos, os monges são convidados.
A história se passa em 1995, quando começa o clima de guerra civil na Argélia. Grupos radicais começam a atacar estrangeiros - e matá-los - e aos monges é sugerido aceitarem presença militar do governo dentro do mosteiro. Não aceitando a presença de armas em sua casa e acreditando que isso possa assustar os moradores locais - além de não confiaram em um governo reconhecidamente corrupto - os franceses negam essa ajuda e, após várias deliberações sobre ir embora ou não do país, decidem ficar.
Após tratarem de um membro de um dos grupos anti-governo e do líder dos monges - interpretado pelo Lambert Wilson, único que conheço por nome do elenco - os monges acabam sendo vistos pelo governo com certa desconfiança também. Além do mais, uma autoridade oficial local não esconde que culpa a França e o colonialismo pelo que agora acontece ao seu país.
O tempo todo a gente sabe que as coisas não terminarão bem para os monges mas a determinação deles, diante de suas convicções - que são extremamente humanas e, por isso, muitas vezes atormentadas - faz com que seja impossível não torcer por aqueles senhores que escolheram viver e serem úteis fora de casa.
O filme é lento, meio contemplativo, permeado de passeios bucólicos e cantos religiosos. A sensação, na maior parte do tempo, é que estamos ali, ao lado deles.
No entanto, a história é muito interessante e prende a atenção. Algumas cenas e diálogos são belíssimos, seja a de alguns monges demonstrando a angústia da dúvida de ficar e morrerem como mártires, ou a certeza de não ter mais um lugar para onde voltar, depois de décadas vivendo fora da França e, principalmente, o jantar, com um monge que chega para os visitar, ao som de "O lago dos cisnes" de Tchaikovsky.
Gostei muitíssimo do filme! Uma pena ter baixado dublado, mas nem isso tirou o brilho de toda a história e da bela narrativa.
Realmente uma lição de vida. Quero assistir ao filme. Conhecia a história, mas não sabia que tinham feito um filme dela. Abraços.
ResponderExcluirQue legal, Iza! Eu só conheci a história quando encontrei o filme!
ExcluirBeijão.
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