"Com uma orquestra, os jesuítas dominaram todo o continente. Assim os índios Guarani foram finalmente submetidos à eterna misericórdia de Deus e à curta misericórdia dos homens". (Padre Altamirano, em A missão)
A colonização da América Latina inteira - do México ao sul da Argentina - foi absurdamente sangrenta, cruel, vergonhosa. A literatura latino-americana tem vários poemas e histórias que tratam do assunto. No Brasil, praticamente não conheço nada que trate disso, a não relatos como no Mato Grosso, numa cidade onde meu pai morou e que o Rio de Sangue corta a cidade e ganhou esse nome na época que o Mal. Rondon andou por aqueles lados e tornou o rio vermelho com o sangue de índios mortos. E nem faz tanto tempo isso, uns cento e poucos anos!
A região aqui de Foz faz parte atualmente da região onde foram construídas várias missões jesuíticas no século XVIII. Desde Santo Ângelo, no RS, cruzando a província de Misiones na Argentina e o Departamento do Alto Paraná, no Paraguai - que fazem ambos fronteira com Foz - os padres jesuítas construíram cidades extremamente bem organizadas e pacíficas em meio a briga de Portugal e da Espanha pelo território e pelo índios, povo perfeito para ser escravizado.
A história de A missão (The mission, Inglaterra, 1986) se passa na metade do século XVIII. Gabriel - Jeremy Irons - é o padre mandado pra região para catequizar os Guaranis da região e os quais, através da música primeiramente, acaba conquistando. Rodrigo - Robert De Niro - é um caçador de escravos que, depois de cometer um crime do qual não se perdoa, se junta aos jesuítas e aos Guaranis que antes escravizava. Pouco depois, chega na região um enviado do Papa, o ex-jesuíta Altamirano - Ray McAnally - para decidir o que fazer com o território e com as missões.
Para mim, tudo funciona no filme. A trilha sonora de Ennio Morricone é inesquecível, umas das minhas preferidas mesmo antes de ver o filme - vocês com certeza conhecem a canção "Gabriel's oboe", mesmo que não saibam o nome dela! -, a fotografia, com a imagem impactante das Cataratas é deslumbrante! Eu sempre fico pensando como foi pros primeiros brancos darem de cara com elas ainda no século XVI e, o modo como elas são fotografadas, lindas mas também assustadoras, dá uma idéia de como realmente estes homens a viam ao chegar aqui. Robert De Niro está simplesmente perfeito! Seus silêncios, seus olhares, seu pranto... Tudo, tudo, tudo é magistral! Jeremy Irons está ótimo também, mas por seu personagem ser dócil e comedido, a gente acaba notando mais De Niro. E ainda tem Liam Neeson, novinho...
Quem for ver, não desligue na hora dos créditos! Tem filme depois dele ainda!
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