Pular para o conteúdo principal

Vi: Casamento à indiana e Salaam Bombay!

Eu resolvi comentar os dois filmes em um mesmo post porque os dois são da mesma diretora e indianos.

Mas as semelhanças terminam aqui, provavelmente...

Um casamento à indiana - Monsoon wedding, India/EUA, 2001 - é um filme muito gostosinho e leve. Acompanha os preparativos de um casamento entre uma noiva indiana e um noivo, também indiano, mas que vive nos EUA. A noiva está tentando sair de um relacionamento com um cara casado e não sabe o que fazer: se conta aos pais, se conta ao noivo, se foge... E aí tem algumas histórias paralelas, como a do moço contratado pra decorar o jardim onde será o casamento e que se apaixona pela empregada da casa - uma história tão doce!

Quando terminei de ver o filme, pensei em como Mira Nair sabe falar tão bem do amor, principalmente o familiar, como eu já tinha descoberto ao assistir Nome de família, filme que eu amei e sobre o qual falei aqui.

Mas aí, terça-feira, vi Salaam Bombay! e descobri que a diretora também sabe falar de desamor...

Há tempos eu não via um filme tão triste, tão desesperançoso, tão cru! Na verdade, tenho tentado lembrar de já ter visto algo assim antes.

Salaam Bombay! - India, 1988 - foi o primeiro filme da Mira Nair e conta a história de Krishna, um piá de uns 12 anos que é entregue pela mãe a um circo, depois de queimar uma bicicleta de um cliente do irmão, e que logo depois é abandonado pelo dono do circo também. Ele compra então uma passagem para a cidade grande mais perto de onde está e vai trabalhar nas ruas de Bombaim como "o menino do chá".

Em Bombaim, Krishna é chamado de Chaipau, mora com outros meninos de rua e tenta, a todo custo, juntar as 500 rúpias que a mãe exigiu como condição para ele voltar para casa - porque é o preço da bicicleta. Ele entrega chá para um dono de boteco explorador, limpa gaiolas de galinhas, depena as aves depois de mortas e ainda tem que lidar com o amigo mais velho viciado em heroína.

Uma das cenas mais lindas é a que tem Krishna ditando uma carta para a mãe - alguém lembrou de Central do Brasil? - e, a certa altura, ele dita que sente muita falta dela principalmente quando está dormindo. O menino, quase adolescente, sentindo uma saudade quase infantil...

Eu li em algum lugar um comentário de que o filme falava do mesmo tema de Quem quer ser um milionário? 20 anos antes mas, mesmo encontrando algumas semelhanças com o outro filme - que eu adoro! - o filme britânico é muito mais leve e "enfeitado".

Mesmo assim eu o adorei. Achei-o lindo! E pode até soar paradoxal, mas não creio que seja: não encontramos o belo só nas coisas alegres. Até porque o mundo não é feito só de coisas alegres, né?

Comentários

  1. Me interessei bastante pelo segundo, mas uma curiosidade, nao eh um filme que te deixa deprê? Pq tem filme triste que te deixa pensativo, mas nao te oprime, ne? O que vc acha?

    ResponderExcluir
  2. Oi Lanny,

    Entendi sim.

    Olha, é mais um filme que te faz pensar, mas nem é pensar no que se pode fazer, mas no que nos cerca, aqui no Brasil mesmo! Minha mãe, quando terminamos de ver "Quem quer ser um milionário?", tendo lido há pouco tempo "O caçador de pipas" e "A cidade do sol", disse que, infelizmente, são as crianças as principais vítimas de tudo quanto é maldade no mundo. "Salaam Bombay!" reforça isso.

    Não terminei de vê-lo deprê, mas sim triste, porque, exatamente o que você pergunta, me fez ficar pensando...

    Claro, tenta não ver quando estiver pra baixo, que aí afunda de vez! (rsrs) Mas até o maravilhoso "O paciente inglês" é assim! E eu poderia fazer aqui uma lista gigaaaaante de filmes lindos mas que nos fazem chorar horrores, mais ainda se não estamos bem :)

    Mas veja o filme. Como disse um amigo, é lindo, mesmo com toda a sua crueza.

    Aff, como "falei"! rsrs

    Bjks, delicioso fds.

    ResponderExcluir
  3. Nossa! Obrigada pelo (mega) comentario! ;) Vou assistir sim! Otimo finde pra vc tb! Beijos!

    ResponderExcluir
  4. Bom filme, Lanny. Espero que goste :)

    Bjks.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Poema XX - Pablo Neruda

Pablo Neruda é, acredito, o poeta hispano-americano mais conhecido no Brasil, seja por sua poesia, seja pelo filme O carteiro e o poeta . Seu livro mais conhecido, Veinte poemas de amor y una canción desesperada, foi publicado quando ele tinha só 20 anos e hoje lemos o último poema de amor, o XX, na aula de Literatura Hispano-Americana. Éramos poucos na sala e terminamos a leitura comovidos. A Vikki disse que se houvesse mais dois versos ela teria chorado e não foi exagero. Quem nunca perdeu um amor? Quem não sabe como isso realmente dói? "Puedo escribir los versos más tristes esta noche. Escribir, por ejemplo: 'La noche está estrellada, y tiritan, azules, los astros, a lo lejos.' El viento de la noche gira en el cielo y canta. Puedo escribir los versos más tristes esta noche. Yo la quise, y a veces ella también me quiso. En las noches como ésta la tuve entre mis brazos. La besé tantas veces bajo el cielo infinito. Ella me quiso, a veces yo también la quería. Cómo no habe

Séries: Reunion

Você se sentiria empolgado pra ver uma série previamente sabendo que ela foi cancelada e não teve um final? Então, eu faço dessas. Ou melhor, fiz pela primeira vez, e com Reunion. E, no geral, valeu a pena. A série foi transmitida originalmente nos EUA entre 2005 e 2006. Foram filmados 13 episódios mas só 9 passaram por lá, sendo que os outros 4 foram transmitidos nos países que, posteriormente, compraram a série. A história começa em 1986, com a formatura do ensino médio de seis amigos inseparáveis. Ao mesmo tempo, é mostrado que, em 2005, um dos amigos foi assassinado - quem? Só saberemos no capítulo 5, de forma surpreendente - e os outros cinco amigos são suspeitos. Cada episódio tem como título um ano - foram de 1986 a 1998 - e vamos vendo como anda a amizade dos seis, algumas vezes se tornando mais forte, em outras parecendo regredir. Eu achei muito bacana não ser revelado de cara quem morreu. Vamos vendo, em cada episódio, um dos amigos vivos aparecer nos temp

A noite em que os hotéis estavam cheios - Moacyr Scliar

(3ª postagem do dia) O casal chegou à cidade tarde da noite. Estavam cansados da viagem; ela, grávida, não se sentia bem. Foram procurar um lugar onde passar a noite. Hotel, hospedaria, qualquer coisa serviria, desde que não fosse muito caro. Não seria fácil, como eles logo descobriram. No primeiro hotel o gerente, homem de maus modos, foi logo dizendo que não havia lugar. No segundo, o encarregado da portaria olhou com desconfiança o casal e resolveu pedir documentos. O homem disse que não tinha, na pressa da viagem esquecera os documentos. — E como pretende o senhor conseguir um lugar num hotel, se não tem documentos? — disse o encarregado. — Eu nem sei se o senhor vai pagar a conta ou não! O viajante não disse nada. Tomou a esposa pelo braço e seguiu adiante. No terceiro hotel também não havia vaga. No quarto — que era mais uma modesta hospedaria — havia, mas o dono desconfiou do casal e resolveu dizer que o estabelecimento estava lotado. Contudo, para não ficar mal, resolveu dar um