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Vi: Gran Torino

Antes de mais nada, eu preciso dizer que AMO os trabalhos do Clint Eastwood depois de velho - ou seja, o que não é daquele tempo de bang-bang italiano e de Dirty Harry - e sinto ainda não ter visto Cartas de Iwo Jima e A conquista da honra, seus filmes sobre a II Guerra Mundial, cada um enfocando um lado dela - o estadunidense e o japonês.

Mas este post é sobre Gran Torino, o filme mais recente do meu diretor/ator/produtor querido. A história é a seguinte: um senhor muito rabugento acaba de perder a esposa. O filme começa com ele no funeral, fazendo cara feia e, literalmente, rosnando pras pessoas que não estão vestidas segundo ele acha adequado - inclusive a neta teen - e depois, em casa, não sendo nada simpático com os filhos.

Walt Kowalski, o personagem, trabalhou a vida inteira na FORD, lutou na Guerra da Coréia - no começo dos anos 50 - e parece detestar tudo e a todos: a família, o jovem padre que se aproxima dele a pedido da esposa recém-falecida, os vizinhos Hmong - uma etnia oriunda do Laos, Tailândia e China que agora tomam conta do seu bairro. No entanto, é a família vizinha, desta etnia, que fará Walt despertar em vários aspectos quando um incidente com a gangue do bairro faz ele se aproximar de Sue e Thao, os adolescentes da casa ao lado.

Walt acaba tendo um contato com aquelas pessoas que não tem com sua própria família e toma sua dores também, ao perceber que os dois jovens não têm nenhuma chance de sobreviver à gangue, principalmente Thao, rapaz retraído, único homem da casa e que acaba sendo meio subserviente à mãe, à irmã e à velha avó.

Aliás, a avó é uma figura no filme. Ela e Walt se xingam o tempo todo, quando estão sentados em suas varandas, cada um em seu idioma, sem se entenderem, os olhares são suficientes para um entender que o outro o detesta!

E o vocabulário de Walt não é pra ouvidos fracos: os negros, são neguinhos, todos os orientais, chinas, qualquer nome oriental vira outra coisa em sua boca e, mesmo com os amigos, ele é extremamente rude - a cena em que, com o amigo barbeiro, ele ensina Thao a falar como homem, é impagável!

O desfecho do filme não é o esperado, nem o desejado, mas é o que precisa ser. O protagonista, homem que se orgulha de terminar tudo o que começa, leva esse seu lema à sério... e fecha com chave de ouro um filme maravilhoso!

Longa vida a Clint Eastwood, para que ainda possa nos dar mais filmes tão especiais!!

Comentários

  1. Esse é um filme MUITO BOM!!Comprei o dvd pirata e assisti...

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  2. Lembrei de você ao vê-lo! Se tivesse o seu cabelo, cortava que nem o da Sue! rsrs

    (e pare de comprar dvd pirata! hahaha)

    ResponderExcluir

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