Minha avó materna desencarnou na noite de sexta-feira. Na verdade, era morte iminente, mas descobri que nem as mortes iminentes, de pessoas velhas e/ou doentes são menos doloridas.
A vovó Aurora não andava há cerca de 7 anos, desde que caiu e quebrou a perna. Depois disso, muitas complicações vieram, principalmente por conta do cigarro fumado a vida inteira. Nos últimos anos seu corpo foi ficando cada vez mais débil, seus braços estavam encolhidos, dos seus lábios saíam sussurros entendidos por poucos, a memória falhava... Acho que ela ter morrido em casa foi um alívio... mas ter morrido sem conseguir respirar deve ter sido doloroso.
No entanto, a avó que eu conheci e amei foi a senhora sempre maquiada, sempre ativa, engraçada, mesmo sem intenção, que sabia receber e dar muito carinho aos netos, que sofria com as dores deles, que perdeu três filhos, sendo dois de formas muito trágicas... mas que mesmo assim foi uma mulher amada por todos que a conheceram e com ela trabalharam.
No começo dos anos 80 minha avó fundou a Casa do Albergado em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul. Sua vida profissional, iniciada, na verdade, já depois dos 40 anos, quando ficou viúva, foi praticamente toda dedicada aos encarcerados da cidade onde passou a maior parte de sua vida. Sei que foi essa forma bondosa e humana com que ela olhava quem tinha errado e agora estava preso, que me ensinou, ainda bem pequena, a ter compaixão dos que se equivocam durante a vida.
Os últimos anos dela não foram fáceis e, com muito medo de ser mal interpretada, eu digo que sua morte foi um alívio. Mas um alívio muito maior para seu espírito que para a família que dela cuidava. Crendo como toda a família crê na vida após a morte, não direi que ela está descansando agora de tudo que passou, mas, parafraseando uma prima que fez uma prece belíssima logo depois da desencarnação dela, agora ela terá seu corpo espiritual perfeito para poder caminhar, para poder abraçar, para poder ser o que tanto gostou sempre, e o que tanto desejou desde que seu corpo se tornou mais uma prisão do que um motivo de alegrias.
As saudades ficarão. Mas a felicidade de ter podido conviver com uma mulher tão extraordinária compensa qualquer dor!
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Foto: grandmother by salihguler
A vovó Aurora não andava há cerca de 7 anos, desde que caiu e quebrou a perna. Depois disso, muitas complicações vieram, principalmente por conta do cigarro fumado a vida inteira. Nos últimos anos seu corpo foi ficando cada vez mais débil, seus braços estavam encolhidos, dos seus lábios saíam sussurros entendidos por poucos, a memória falhava... Acho que ela ter morrido em casa foi um alívio... mas ter morrido sem conseguir respirar deve ter sido doloroso.
No entanto, a avó que eu conheci e amei foi a senhora sempre maquiada, sempre ativa, engraçada, mesmo sem intenção, que sabia receber e dar muito carinho aos netos, que sofria com as dores deles, que perdeu três filhos, sendo dois de formas muito trágicas... mas que mesmo assim foi uma mulher amada por todos que a conheceram e com ela trabalharam.
No começo dos anos 80 minha avó fundou a Casa do Albergado em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul. Sua vida profissional, iniciada, na verdade, já depois dos 40 anos, quando ficou viúva, foi praticamente toda dedicada aos encarcerados da cidade onde passou a maior parte de sua vida. Sei que foi essa forma bondosa e humana com que ela olhava quem tinha errado e agora estava preso, que me ensinou, ainda bem pequena, a ter compaixão dos que se equivocam durante a vida.
Os últimos anos dela não foram fáceis e, com muito medo de ser mal interpretada, eu digo que sua morte foi um alívio. Mas um alívio muito maior para seu espírito que para a família que dela cuidava. Crendo como toda a família crê na vida após a morte, não direi que ela está descansando agora de tudo que passou, mas, parafraseando uma prima que fez uma prece belíssima logo depois da desencarnação dela, agora ela terá seu corpo espiritual perfeito para poder caminhar, para poder abraçar, para poder ser o que tanto gostou sempre, e o que tanto desejou desde que seu corpo se tornou mais uma prisão do que um motivo de alegrias.
As saudades ficarão. Mas a felicidade de ter podido conviver com uma mulher tão extraordinária compensa qualquer dor!
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Foto: grandmother by salihguler
Sinto muito, Sheila!
ResponderExcluirNada direi para te confortar.
ResponderExcluirLimitar-me-hei a abraçar-te em pensamento tentando confortar o inconfortável.
Mel,
ResponderExcluirObrigada, florzinha :)
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Luís,
Obrigada pelo abraço e pelo carinho que me dedica não só nos momentos de alegrias. Eu te amo muito :)
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Beijos enormes nos dois!
Chorei com suas palavras, amiga...
ResponderExcluirSobre os meus sentimentos, você sabe...