Semana passada baixei alguns livros. O menino do pijama listrado foi um deles. O livreiro de Cabul é outro.
E mais uma vez é o Afeganistão presente nas minhas leituras (vide O caçador de pipas e A cidade do sol). Mas há uma diferença entre os dois livros do afegão naturalizado estadunidense Khaled Husseini e esse da jornalista norueguesa Âsne Seierstad: o livro dela não é ficção.
Seierstad acompanhou a entrada em Cabul das tropas da Aliança do Norte, que tinham o apoio dos EUA para derrubar o regime talibã e, consequentemente, prender Osama bin Laden. Quando conheceu o livreiro, que no livro ela deu o nome de Sultan Khan, a jornalista achou que, tendo oportunidade de acompanhar o cotidiano desse homem culto, ela poderia mostrar um outro lado daquele país muçulmano. Mudou-se então para a casa de quatro cômodos onde Sultan vivia com a segunda esposa, a filha pequena, outros dois filhos do primeiro casamento, um sobrinho, um irmão, duas irmãs e a mãe.
A família de Sultan não era um retrato da maioria das famílias afegãs porque praticamente todos em sua casa sabiam ler e escrever e falavam inglês, em diferentes níveis. Além disso, por ele ser dono de três livrarias em Cabul - além de possuir uma coleção invejável de livros sobre o Afeganistão e a cultura persa - a situação econômica de sua casa era muito mais confortável do que a da maioria do país. Mesmo assim, o que vemos, ao longo do livro, é que Sultan, por mais moderno que parecesse, era um ditador dentro de casa. Fazendo filhos pequenos trabalharem até 12 horas diariamente, proibindo-os de irem a escola, maltratando as irmãs solteiras, afastando de si a primeira esposa quando decide ter um segunda, mais jovem, nada o difere de tantos outros homens de sua país.
O livro é muito gostoso de ser lido. Mesmo sendo não-ficção, o tom algumas vezes é novelesco, o que, talvez, torne-o mais acessível.
Uma curiosidade: algum tempo depois do lançamento de O livreiro de Cabul, Shah Mohammad Rais, o verdadeiro livreiro, ameaçou processar Seierstad, mas acabou lançando um livro chamado Eu sou o livreiro de Cabul, o qual comecei a ler quase ao mesmo tempo que esse mas desisti! Ele tenta reverter a sua imagem de tirano em um fictício diálogo com trolls (criaturas mágicas escandinavas) mas soa tão falso na maior parte do tempo que desisti de ver o lado dele da história!
Título original: The bookseller of Cabul
Autor: Âsne Seierstad
Editora: Record
2006
E mais uma vez é o Afeganistão presente nas minhas leituras (vide O caçador de pipas e A cidade do sol). Mas há uma diferença entre os dois livros do afegão naturalizado estadunidense Khaled Husseini e esse da jornalista norueguesa Âsne Seierstad: o livro dela não é ficção.
Seierstad acompanhou a entrada em Cabul das tropas da Aliança do Norte, que tinham o apoio dos EUA para derrubar o regime talibã e, consequentemente, prender Osama bin Laden. Quando conheceu o livreiro, que no livro ela deu o nome de Sultan Khan, a jornalista achou que, tendo oportunidade de acompanhar o cotidiano desse homem culto, ela poderia mostrar um outro lado daquele país muçulmano. Mudou-se então para a casa de quatro cômodos onde Sultan vivia com a segunda esposa, a filha pequena, outros dois filhos do primeiro casamento, um sobrinho, um irmão, duas irmãs e a mãe.
A família de Sultan não era um retrato da maioria das famílias afegãs porque praticamente todos em sua casa sabiam ler e escrever e falavam inglês, em diferentes níveis. Além disso, por ele ser dono de três livrarias em Cabul - além de possuir uma coleção invejável de livros sobre o Afeganistão e a cultura persa - a situação econômica de sua casa era muito mais confortável do que a da maioria do país. Mesmo assim, o que vemos, ao longo do livro, é que Sultan, por mais moderno que parecesse, era um ditador dentro de casa. Fazendo filhos pequenos trabalharem até 12 horas diariamente, proibindo-os de irem a escola, maltratando as irmãs solteiras, afastando de si a primeira esposa quando decide ter um segunda, mais jovem, nada o difere de tantos outros homens de sua país.
O livro é muito gostoso de ser lido. Mesmo sendo não-ficção, o tom algumas vezes é novelesco, o que, talvez, torne-o mais acessível.
Uma curiosidade: algum tempo depois do lançamento de O livreiro de Cabul, Shah Mohammad Rais, o verdadeiro livreiro, ameaçou processar Seierstad, mas acabou lançando um livro chamado Eu sou o livreiro de Cabul, o qual comecei a ler quase ao mesmo tempo que esse mas desisti! Ele tenta reverter a sua imagem de tirano em um fictício diálogo com trolls (criaturas mágicas escandinavas) mas soa tão falso na maior parte do tempo que desisti de ver o lado dele da história!
Título original: The bookseller of Cabul
Autor: Âsne Seierstad
Editora: Record
2006
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